A água estava fria, a temperatura máxima prevista por volta das 15h: 16 ° C com vento. Saí do albergue já vestida, com o traje, e quanto mais perto ficava do mar, mais fundo respirava. Algumas pausas para respirar. Meu pé toca a água do mar e ainda mais respira. Não me lembro exatamente como estava frio, mas ainda me lembro que me machucou fisicamente. E quanto mais fundo eu ia, mais eu tinha que respirar conscientemente. Eu acreditava que realmente precisava entrar na água, que havia uma necessidade, que eu iria para o outro lado. E então eu realmente tive que chorar quando percebi que eu realmente não precisava fazer isso porque eu tenho uma casa, um apartamento, pelo menos um lugar onde eu poderia tomar um banho quente depois. O frio não dói mais.

Quando me acostumei com a água, não estava mais com medo ou culpado. Fiquei lá onda após onda, a violência deles me aqueceu. Quando voltei das águas profundas, primeiro caminhei um pouco, lentamente, do molhado para o seco, e só então me sentei na areia. Um transeunte me dirigiu com muito respeito e demorei o dia todo para sair deste estado.

Acho que existe realmente uma realidade que podemos criar e que nós, como artistas, podemos usar para despertar sentimentos, consciência, conhecimento, responsabilidade, e espero mudar as ações na sociedade nesse processo.